A minha alma se afogou no rio...
Peço desculpas se não convidei
Os amigos pra o funeral,
Mas foi tudo muito rápido, brutal,
E não tive tempo pras formalidades
Que exigia a gravidade da ocasião.
Minha alma se jogou de mim,
Feito quem se livra de um estorvo...
Será por minha cara judiada?
Será pelo meu corpo estropiado
Ou por este olhar sem horizonte
Que me faz o semblante tão cansado?
Será que não quis ver suas pandorgas
Subindo rumo a um céu tão desbotado?
Será que preferiu as correntezas
À mansidão de um poço sem futuro?
Sem medo de perigos e incertezas,
Qual pedra que se vai às profundezas
Minha alma megulhou no rio escuro.
Talvez seja pelo meu ofício...
Talvez tenha cansado de espinhéis,
De tarrafas, chalanas e de anzóis...
Talvez tenha bebido tantos sóis,
Até não saber mais, perder a conta,
Sem entender que a vida é uma linhada
Onde a sorte nos tenteia na outra ponta.
A minha alma se jogou de mim...
Talvez seja pelo rancho tosco,
Pelo catre rude, pela bóia igual...
Talvez seja pelas roupas gastas,
Pelo cusco magro, pelo mate frio...
Talvez por se jungar maior que eu
A minha alma se afogou no rio.
Minha alma se afogou, foi sem anúncio,
Sem participação, comunicado...
Não avisou amigos nem amores,
Não avisou sequer a mim do fato...
Quando me vi, estava abandonado,
Só me restando um vulto...e o relato.
A minha alma se afogou no rio,
Não encontrei sequer restos mortais;
Apenas, num suspiro, se esvaiu...
Um barco naufragado que sumiu,
Fazendo desse rio seu nunca mais.
Talvez seja pela cruz plantada,
Pelo rosto moço num retrato antigo...
Talvez seja pelas esperanças
Que se amiudaram nos estios da vida.
Talvez pelos combates, dia a dia,
Minha alma implorasse parceria
E eu, cansado demais, não soube ouvir...
Quem sabe ao afundar por essas águas,
Quisesse minha mão para salvá-la...
A mão que, sem razão, não estendi.
A minha alma se afogou no rio...
Talvez querendo um beijo das estrelas
Que pintavam de luz as corredeiras,
Minha alma, sedenta, se jogou;
Quem sabe, sem querer, se confundiu,
Pois via nas funduras desse rio
Apenas um esoelho do que sou...
...Ou talvez o rio seja a liberdade
Que a minha alma, em mim, não encontrou!
Peço desculpas se não convidei
Os amigos pra o funeral,
Mas foi tudo muito rápido, brutal,
E não tive tempo pras formalidades
Que exigia a gravidade da ocasião.
Minha alma se jogou de mim,
Feito quem se livra de um estorvo...
Será por minha cara judiada?
Será pelo meu corpo estropiado
Ou por este olhar sem horizonte
Que me faz o semblante tão cansado?
Será que não quis ver suas pandorgas
Subindo rumo a um céu tão desbotado?
Será que preferiu as correntezas
À mansidão de um poço sem futuro?
Sem medo de perigos e incertezas,
Qual pedra que se vai às profundezas
Minha alma megulhou no rio escuro.
Talvez seja pelo meu ofício...
Talvez tenha cansado de espinhéis,
De tarrafas, chalanas e de anzóis...
Talvez tenha bebido tantos sóis,
Até não saber mais, perder a conta,
Sem entender que a vida é uma linhada
Onde a sorte nos tenteia na outra ponta.
A minha alma se jogou de mim...
Talvez seja pelo rancho tosco,
Pelo catre rude, pela bóia igual...
Talvez seja pelas roupas gastas,
Pelo cusco magro, pelo mate frio...
Talvez por se jungar maior que eu
A minha alma se afogou no rio.
Minha alma se afogou, foi sem anúncio,
Sem participação, comunicado...
Não avisou amigos nem amores,
Não avisou sequer a mim do fato...
Quando me vi, estava abandonado,
Só me restando um vulto...e o relato.
A minha alma se afogou no rio,
Não encontrei sequer restos mortais;
Apenas, num suspiro, se esvaiu...
Um barco naufragado que sumiu,
Fazendo desse rio seu nunca mais.
Talvez seja pela cruz plantada,
Pelo rosto moço num retrato antigo...
Talvez seja pelas esperanças
Que se amiudaram nos estios da vida.
Talvez pelos combates, dia a dia,
Minha alma implorasse parceria
E eu, cansado demais, não soube ouvir...
Quem sabe ao afundar por essas águas,
Quisesse minha mão para salvá-la...
A mão que, sem razão, não estendi.
A minha alma se afogou no rio...
Talvez querendo um beijo das estrelas
Que pintavam de luz as corredeiras,
Minha alma, sedenta, se jogou;
Quem sabe, sem querer, se confundiu,
Pois via nas funduras desse rio
Apenas um esoelho do que sou...
...Ou talvez o rio seja a liberdade
Que a minha alma, em mim, não encontrou!
QUE BELO POEMA..É DE INUNDAR A ALMA...
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